VOY 2×07: Parturition

História voltada para personagens explora continuidade na série

Sinopse

Data estelar: 49068.5

Quando Kes pede a Tom Paris que seja seu instrutor de voo, ele descobre que está apaixonado por ela. O ciumento Neelix toma conhecimento desse interesse e briga com Tom na frente da tripulação. Intencionalmente ou não, Janeway envia ambos em uma missão para coletar suprimentos para a Voyager. A opção mais próxima é um planeta envolvido por vapores trigêmicos, que podem causar severas irritações na pele. Chakotay o apelida de “Planeta Inferno”.

À medida que se aproximam do planeta, turbulências eletromagnéticas na atmosfera fazem a nave auxiliar perder potência e forçam um pouso de emergência na superfície. Na Voyager, os colegas veem o problema e enviam uma missão de busca e resgate.

A fim de evitar a exposição aos vapores, Neelix e Paris buscam refúgio em uma caverna e fecham sua abertura. Na nave, os esforços de busca são interrompidos pelo ataque de uma nave de origem desconhecida. A tripulação, entretanto, consegue prosseguir para a atmosfera.

Na caverna, Paris e Neelix exploram o ambiente cuidadosamente. Eles encontram pegadas direcionadas a um nicho com ovos. Enquanto observam, uma criatura réptil humanoide choca de um deles. Neelix decide que é responsabilidade deles cuidar do ser, já que a mãe não está à vista. O coração da criatura começa a enfraquecer e Paris descobre que, selando a caverna, eles cortaram o suprimento de vapores que o bebê precisa para sobreviver.

Os dois, então, reabrem a entrada e o levam para fora. Entretanto, surge um problema: a nave alienígena demonstra forte interesse pelo recém-nascido e a presença dos tripulantes da Voyager causa grande irritabilidade. Por fim, eles esperam escondidos que o alienígena leve sua cria, enquanto a Voyager desenvolve um meio de transportá-los da superfície.

Comentários

Diferentemente da maioria dos episódios de Voyager, “Parturition” aprofunda-se no desenvolvimento das personagens. Quem sai lucrando com isso dessa vez é, principalmente, Neelix, que foi negligenciado durante praticamente todo o seriado. Ao invés de batalhas espaciais recheadas de efeitos cinematográficos, há conflitos pessoais — que não deixam nada a desejar.

A aposta rendeu bons frutos. Apesar de um episódio simples e sem reviravoltas, o entretenimento é garantido. As interações entre Neelix e Paris funcionam perfeitamente, assim como a já costumeira amizade entre Kes e o Doutor.

Outro destaque incomum vai para uma coisa que Voyager não costuma ter: continuidade. Um dos principais motivos pelos quais a série não cativou os fãs das outras versões de Jornada foi a falta de encadeamento entre as histórias. Aqui, temos a resolução de uma problemática proposta anteriormente (“Elogium”). Em geral, nesta série, cada episódio é independente dos outros e seu conteúdo nunca mais é aproveitado.

Outro ponto positivo foi a maquiagem dos alienígenas introduzidos no roteiro. Os seres meio répteis, meio humanoides diferem dos tradicionais humanoides com orelhas mais acentuadas ou testas salientes.

Porém, nem tudo são flores para o episódio. Embora invista nos personagens, não se pode dizer que eles são tratados de maneira realista. Se esse aspecto fosse levado em conta, Neelix pularia no pescoço de Paris ao saber que ele de fato gostava de Kes e não terminaria naquele jeitão simpático que terminou.

A opção dos roteiristas foi aplicar uma ligeira forçada de barra, só para manter o espírito familiar entre os personagens. Atitude compreensível, mas questionável.

Aqui, Paris começa a mostrar sinais de mudança em sua personalidade desde que chegou à Voyager. Fica claro, neste episódio, que o personagem agora busca redenção, crescimento e respeito dos colegas. Nenhum desses sentimentos fazia parte dele no início da série. E essa mudança não agradou a todos.

No piloto, quem mais se destacou foi mesmo Paris, com aquela figura sarcástica, irônica e até agressiva. Durante toda a primeira temporada de Voyager, ele manteve esse comportamento. Mas, à medida que o segundo ano começou, os produtores passaram a investir no estereótipo “oficial da Frota Estelar” e ninguém se salvou. Até os maquis Chakotay e B’Elanna perderam sua identidade e, para quem não assistiu aos primeiros episódios, eles passam tranquilamente por membros da Federação.

Mais adiante na segunda temporada, Paris volta a apresentar aquele comportamento original, mas, novamente, os roteiristas voltaram a inibir o lado “fora-da-lei” da personagem.

Também pode-se dizer que o episódio não leva a Voyager a lugar algum. Durante a história, Neelix e Paris parecem ter chegado a um novo passo na amizade, mas nos próximos episódios tudo fica na mesma, como se nada tivesse acontecido.

Janeway aparece com um novo penteado, cabelos curtos, que, subitamente, no episódio seguinte, voltam maiores do que eram antes da mudança e os alienígenas do dia nunca mais serão vistos. Ou seja, se Voyager teve um “surto” de continuidade, o staff da série logo tomou um chazinho e voltou a seu estado habitual.

De qualquer modo, “Parturition” atinge suas metas, tornando-se um dos episódios divertidos desta escassa segunda temporada.

Avaliação

Citações

“I had no right to push that pasta into your lap.”
“Well, look at it this way, saved me from having to eat it.”
(Eu não tinha direito de jogar aquela massa em você.)
(Bem, olhe pelo lado bom, pelo menos você me salvou de ter de comê-la.)
Neelix e Paris

Trivia

  • Este episódio, mais um dirigido por Jonathan Frakes (William T. Riker), havia sido originalmente chamado de “The Fog”, antes de ganhar seu nome final.
  • Neste episódio ocorre, pela primeira vez, a destruição de uma das naves auxiliares da Voyager. Ocorrências como essa acabaram se tornando um dos maiores problemas de continuidade da série: as naves auxiliares não acabavam nunca, embora fossem destruídas continuamente durante a série e não pudessem ser substituídas por outras em razão do isolamento da Voyager no Quadrante Delta.
  • Aqui há uma boa chance de ver a capitão Janeway com um novo penteado. Os trabalhados modelos de penteado de Voyager garantiram à série vários prêmios Emmy na categoria. O cabelo da capitão só iria se “estabilizar” na quarta temporada

Ficha Técnica

Escrito por Tom Szollosi
Dirigido por Jonathan Frakes

Exibido em  9 de outubro de 1995

Título em português: “Nascimentos”

Elenco

Kate Mulgrew como Kathryn Janeway
Robert Beltran como Chakotay
Roxann Biggs-Dawson como B’Elanna Torres
Robert Duncan McNeill como Tom Paris
Jennifer Lien como Kes
Ethan Phillips como Neelix
Robert Picardo como Doutor
Tim Russ como Tuvok
Garret Wang como Harry Kim

Elenco convidado

George Spelvin como Gleknar

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Edição de Stéphanie Cristina
Revisão de Nívea Doria

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