PRO 1×14: Masquerade

Sempre teremos a Zona Neutra

Sinopse

Data estelar: Desconhecida

Em seu diário do capitão, Dal reclama da atenção que Okona vem recebendo de toda a tripulação. Enquanto isso, Murf está tentando se adaptar a sua nova forma e todos estão tentando se adaptar ao novo Murf. A Protostar segue presa dentro da Zona Neutra e não tem como ir para lugar nenhum se não consertarem as naceles atingidas pela Dauntless. Okona sugere que eles rumem para Noble Isle, um porto espacial onde eles podem adquirir qualquer tipo de coisa.

Todos ficam excitados por conhecer Noble Isle, com exceção de Dal que não está vendo nada de divertido na situação, e a holograma Janeway, que pede cautela para os jovens prodígios, dado que o local pode ser perigoso. Zero e Jankom ficam na nave, enquanto Dal, Gwyn e Rok, levando Murf em uma espécie de recipiente fechado, acompanham Okona. Eles descem por um elevador até o porto, pois devido às tempestades iônicas, esse é o único meio de transporte possível.
Na Dauntless, Janeway conversa com o Almirante Jellico, que ordena que Janeway em hipótese alguma entre na Zona Neutra e que destrua imediatamente a Protostar caso haja o risco iminente da nave cair em mãos romulanas.

Tripulação da Protostar tentando se acostumar com as mudanças de Murf

Em Noble Isle, Okona leva o time avançado para o laboratório da doutora geneticista Jago, para quem ele deveria ter entregue o carregamento que foi confiscado no Depósito Denoxi. Jago questiona Okona sobre o seu carregamento, mas esquece imediatamente do assunto quando vê Dal. Ele é um produto da engenharia genética. De posse de uma amostra de DNA, ela identifica uma combinação de 26 genes recessivos em Dal. Ele fica devastado ao saber que foi criado em laboratório numa placa de Petri e na realidade não tem pais. A Dra. Jago propõe a Dal a colocação de um implante dérmico epigenético que o possibilita ativar os genes dormentes. A princípio, com o apoio de todos ele não aceita, mas depois, sem que ninguém saiba, ele fica para trás e deixa que Jago faça o implante.

Asencia se oferece para Janeway para ir numa missão de infiltração para resgatar a Protostar na Zona Neutra. Janeway não aceita e segue as ordens recebidas de Jellico. Mas ela pede que Asencia descubra uma maneira de ouvir o que os romulanos estão fazendo.

Na Protostar, Zero sente uma presença tarde demais. Ele e Jankom são capturados pela Tal Shiar. Quando a lider percebe que não tem acesso ao computador da nave, eles resolvem descer em Noble Isle.

Laboratório da Dra. Jago em Noble Island

Dal se junta novamente ao grupo quando são surpreendidos pela Tal Shiar. Okona é apontado como sendo o capitão da Protostar, mas se esquiva e parte rapidamente, deixando os prodígios lidarem com os romulanos sozinhos. Dal acaba revelando ter feito o implante e luta contra os romulanos, acabando com todos. Dessa forma eles se encaminham para os elevadores para retornar à Protostar.

Asencia consegue uma forma de ouvir os romulanos e eles descobrem que a Tal Shiar achou a nave e sua tripulação. Em face do perigo iminente, Janeway ordena que atirem torpedos fotônicos contra a nave. Nesse meio tempo, Dal, Gwyn, Rok e Murf estão no elevador sendo atacados pelos romulanos. Dal está sofrendo uma mutação e várias partes do seu corpo mudam, deixando-o sem ação. Porém, Murf acaba se revelando um grande lutador e tira os romulanos de vez da jogada, permitindo que a tripulação chegue em segurança na Protostar. Quando Asencia avisa o que aconteceu, Janeway ordena que os torpedos sejam desviados no último momento.

Tal-Shiar invadindo a Protostar

Já em segurança, Zero e Rok conseguem retirar o implante dérmico de Dal e ele volta ao normal. Gwyn questiona Dal do porque do seu desejo em mudar, a que ele responde que nunca será bom como Okona. Gwyn retruca dizendo que ele é melhor, porque não abandonou os seus amigos quando importava.

Na Dauntless, Asencia entra em seu quarto e ativa Drednok, surpreendendo o Adivinho que estava ali descansando. Ele não entende o que está acontecendo e Asencia diz que ele não foi o único a ter sido enviado para encontrar a nave.

Comentários

Depois da audaciosa fuga que assistimos em “Crossroads”, a tripulação da Protostar é posta mais uma vez à prova em um novo desafio numa sequência de apuros que não dá descanso. Mas além da ação caraterística da série, “Masquerade” traz questões interessantes tanto para seus personagens como para o universo de Jornada nas Estrelas, além de ao menos (mais) uma revelação importante para o futuro da série.

Zero percebendo tarde demais a presença da Tal-Shiar na nave

Começando pelo trivial, o segmento segue o expediente de eventualmente trazer personagens de outras series da franquia para alegria (ou não) dos fãs mais antigos. Dessa vez, Prodigy traz de volta o controverso Edward Jellico (TNG: “Chain Of Command, Parte I e II”), agora promovido a almirante. Embora sua aparição não seja exatamente relevante, é mais uma entrada que permite a conexão de Prodigy com a herança de franquia, deixando uma trilha para quem quiser buscar mais sobre o universo de Jornada nas Estrelas.

Ele se junta a Okona na galeria de personagens trazidos da Nova Geração e que no episódio passado parecia um duble de Han Solo, mas que aqui parece mais conectado com seu personagem da segunda temporada de TNG (“The Outrageous Okona”) desfilando seu charme romântico, aventureiro e irresponsável a bordo, cativando os jovens tripulantes e causando ciúmes em Dal, um desenvolvimento que serve para estabelecer um interesse romântico desse personagem por Gwin.

Janeway conversando com Edward Jellico

Diferente de Jellico, Okona mais uma vez se mostra um importante elemento de trama. Seria pouco verossímil que a tripulação da Protostar tomasse a decisão de entrar na Zona Neutra romulana sozinha no último episódio, pois em condições normais seguiriam o conselho da Holo Janeway, mas que logo na sequência decidissem aportar em um planeta desconhecido. Assim, a sugestão de Okona evita que se gaste um tempo que os episódios da série não têm na tomada dessa decisão, criando uma narrativa que a justifica, de forma a não criar um ruido – o qual se criaria se isso acontecesse apenas por escolha dos meninos.

Por outro lado, a presença do capitão bom de papo a bordo por mais tempo se tornaria um problema dado a sua ascensão natural sobre os meninos, pois seria natural um desenvolvimento em que ele se tornaria um personagem muito influente se permanecesse a bordo. Por isso ele é sabiamente deixado de lado aqui mesmo após cumprir suas funções para o andamento da história, embora sua saída pudesse ter sido efetividade sem destruir tão completamente a reputação do personagem, mesmo que esse não fosse um elemento tão lembrado no imaginário da franquia.

Os ciúmes de Dal expressados de forma absolutamente adolescente remetem um pouco ao ambiente causado por Okona em TNG e criam um momento divertido aqui quando vemos o capitão da nave sonhando com lançar o malandro pela comporta de ar, algo inusitado. Mas além disso também serve com combustível para impulsiona-lo (sem trocadilhos) a tomar a decisão de aceitar desbloquear suas habilidades genéticas recém descobertas.

Dal sonhando em jogar o Okona para fora da nave

Entre tantas aparições bem vindas, a presença dos Romulanos aqui é mais uma boa surpresa. Desde o último episódio quando a Daultless foi surpreendida por três cruzadores D’deridex que o coração do fã mais vintages já bateu acelerado, mas aqui temos complementos igualmente saborosos ao ver o grupo da Protostar confrontando agentes do perigoso Tal Shiar em uma dose de fan service temperando a história.

É sabido que existe um tratado que impede Janeway de entrar na área com sua nave, assim como conhecemos a reputação de ardilosos e pragmáticos dos velhos inimigos da Federação e a fama de que os agentes do Tal Shiar são altamente treinados. Além disso, deixa a entender que a história se aproxima cada vez mais do terreno conhecido da Federação, algo que está alinhado com os objetivos de Solum, mesmo que agora ele se encontre ainda incapacitado.

Esses elementos ajudam a criar uma atmosfera de tensão e urgência de forma muito mais sutil e eficiente, além, é claro, de ser mais uma daquelas migalhas sobre as quais já comentamos. Esse tipo de utilização é fundamental para que um segmento tão curto possa funcionar de forma adequada, algo que a equipe criativa de Prodigy demonstra mais uma vez entender e dominar.

Asencia e Janeway na ponte da Dauntless

Mas Prodigy não se limita apenas a introduzir elementos de Jornada, mas também trabalha em sua ampliação, dessa vez explorando a Zona Neutra romulana. Esse território imaginário que nunca ficou muito bem explicado desde de sua criação no épico “Balance of  Terror” aparece aqui como uma sedutora região onde não se aplicam nem a leis da Federação, nem de Romulo e isso permite não só a evolução da estória de “Masquerade”, como abre um leque para outros possíveis desenvolvimentos.

Ponto positivo para o episódio que foge do lugar comum de mostrar um posto meio outsider nos confins do espaço. Ao invés disso, Noble Island aparece como um importante e moderno posto comercial, algo como uma Hong Kong de Jornada nas Estrelas. Tal abordagem tem  o potencial de despertar ainda mais a curiosidade pelo que acontece nessa região do espaço chamado Zona Neutra.

Aqui a porta aberta nos leva a uma geneticista e reforça algumas conclusões, principalmente de que a manipulação genética não é algo incomum fora da Federação, o que na verdade faz grande sentido, uma vez que outras raças certamente fariam isso.  O fato é que  “Space Seed”, ainda que de forma despropositada, criou algumas amarras para a engenharia genética, um tema pouco comum à era da Série Clássica, mas que ganhou grande importância a partir dos anos 90 e que cresce exponencialmente até os dias atuais. Essa janela permite que alguém interessado volte a explorar o assunto a partir de uma outra abordagem.

Noble Island

A decisão de Dal de aceitar a ajuda de Jago pode parecer pecar contra o personagem, mas se mostra acertada dramaticamente. Mesmo tendo sido avisado por Janeway e sabendo que algo pode dar errado, cede. Trata-se de um comportamento esperado de um jovem ainda em formação, que se sente intimidado pela presença de Okona e enciumado. Se tudo isso não bastasse, ele acaba por descobrir que sua busca para descobrir suas origens pode ter sido em vão. Dal é um órfão sem pais, sem origem, sem uma história. Não causa surpresa ele acabar por tomar uma atitude humanamente esperada.

Ainda que aqui estejamos no terreno na ficção, essa reação pode ser facilmente espelhada para uma juventude do século 21, cada vez mais pressionada a alimentar o seu próprio Narciso, numa busca de identidade e aceitação muitas vezes nos lugares e pelos meios mais nocivos a sua própria existência, uma juventude que, assim como Dal, precisa ser abraçada, resgatada e apoiada para que possam desenvolver seu verdadeiro potencial.

Abstrações à parte, Dal aceita a intervenção de Jago e imediatamente isso tem efeito sobre suas capacidades e principalmente personalidade, se tornando não só auto confiante, mas arrogante e sem empatia. Se intencionalmente ou não, Prodigy aqui flerta com um tema recorrente de Jornada nas Estrelas, o axioma “o poder absoluto corrompe absolutamente”, e se é fácil e logico associar os elementos desse segmento a todo arcabouço que surge na TOS em “Space Seed”, mas que atravessaria a franquia pelos anos subsequentes, também podemos identificar um algo de Gary Micthel (“Where No Man Has Gone Before”), pois nesse segmento podemos assistir à transformação da personalidade dos personagens em tela, com suas consequências imediatas.

Dal com DNA alterado

Prodigy evita alguns nitpicks comuns de Jornada. É bom ver que os comandos da nave ficam travados e não são acessíveis por qualquer computador da cozinha como em outras encarnações “mais serias” da franquia. Por outro lado estranha-se um pouco que alguém, mesmo sendo um expert (Dr Jago) bate o olho em alguém e já consegue afirmar que se trata de uma experiencia de engenharia genética.

Também é curioso que a Dautless não possa entrar na Zona Neutra, mas possa disparar torpedos em um alvo no referido espaço. Pode-se viver com isso, mas é necessária uma alta dose de suspensão de descrença para não pensar que essa ação é potencialmente mais agressiva do que entrar no espaço em questão.

Uma cena certamente pensada como suspense, mas que não funciona bem, é a fuga no elevador orbital. Ficamos com a impressão de que os romulanos estão atirando para matar, e como sabemos que ninguém morrerá, o suspense não funciona muito bem. Além disso fica a pergunta de por que eles não deixaram alguns soldados a bordo da Protostar esperando a volta dos meninos, ao invés de persegui-los como se não houvesse amanhã.

Tal Shiar atacando os prodígios no elevador da Noble Island

Para concluir esse apêndice, um dos desenvolvimentos mais aguardados até aqui era como seria o novo Murf. O personagem, que sempre foi simpático e adorável, também pareceu igualmente aleatório graças a algumas intervenções suspeitas em momentos importantes e que pareciam sempre ocasionais e aleatórios, entretanto após a descoberta de que o personagem sofreria uma metamorfose criou-se uma expectativa de como isso o afetaria.

Embora aqui em “Masquerade” já seja possível ver os reflexos dessa mudança, ainda é cedo para dizer se elas se tornaram menos aleatória, pois embora ele tenha tido um papel importante na fuga dos meninos, o personagem aqui parece pouco mais que um dispositivo de trama, embora mais decidido, quase um Deus Ex Machina, algo pouco desejável. Entretanto, ainda é cedo para avaliar, mas seria uma grande frustração depois de tanta expectativa criada. Ao menos suas aparições continuam divertidas.

Ao final temos a revelação de que Asencia é uma também uma Vau N’Akat, o que certamente influenciará os rumos da serie no restante da temporada. Resta saber como será a interação dela com Solum e quais as consequências imediatas para a tripulação da Dautless.

Asencia se mostrando ser vau n'akat

Embora ao menos nesse segmento essa surpresa não tenha causado impacto para essa historia, essa revelação abre uma percepção diferente para as ações anteriores da personagem, que na verdade sempre estiveram sutilmente conectadas com a sua agenda, mas que só agora percebemos de forma mais clara.

Muito embora o episodio tenha sua dose de interesse e esteja longe de ser monótono, ele vale muito mais como um setup para o futuro, uma preparação para os próximos eventos com um importante ponto de virada, no caso, a mudança de posição de Asencia. Ainda assim, um bom segmento, com uma boa dose de aventura.

Avaliação

Citações

“Captain’s Log. Stardate, uh…ah, who cares?”
(Diário do Capitão. Data Estelar…Quem se importa?)
Dal

“I’m sensing our captain is–What’s the expression? Utterly clueless.”
(Sinto que nosso Capitão está…Qual a expressão? Totalmente perdido.)
Zero

“Be careful. When he says “cutting edge,” he means unregulated. There’s a reason Starfleet has laws about scientific experimentation. If it’s too good to be true, it probably is.”
(Tenham cuidado, quando ele diz “Vencer os limites” quer dizer não sancionado. Há uma razão para a Frota ter leis sobre experimentos científicos. Se é bom demais para ser verdade, é porque realmente não é.)
Holograma Janeway

“I was born in a petri dish? So I don’t have any parents?”
(Eu nasci em uma placa de Petri? Então eu não tenho pais?)
Dal

“If there’s anything we learned while visiting Noble Isle, it’s that science rules, and science needs rules.”
(Se há algo que aprendemos na visita a Ilha Nobre, é que a ciência é a melhor e a ciência precisa de regras.)
Rok-Tahk em seu primeiro diário de oficial de ciências

Trivia

  • Ronny Cox reprisa o seu papel de almirante Edward Jellico, como visto em “Grounded” de Lower Decks, e originalmente em A Nova Geração no episódio “Chain of Command”.
  • No laboratório da doutora Jago o escaneamento do DNA de Dal sugere a combinação de 26 tipos, entre raças ou grupo de raças, combinado com as transformações de Dal temos a maioria deles: andoriano, bajoriano, breen, cardassiano, ferengi, humano, hirogen, kazon, klingon, remano, romulano, risian, son’a, suliban, vidiano, vulcano, gorn, orion, telarita, toliano, dominion e xindi.
  • A doutora Jago cita o Dr. Arik Soong dizendo que Dal deve ter sido criado por um dos seus protégés. O personagem Soong, foi interpretado por Brent Spiner e apareceu na trilogia “Borderland”“Cold Station 12” e “The Augments” da última temporada de Enterprise.
  • Nesse episódio, os romulanos utilizam os mesmos rifles e disruptores vistos em Star Trek Picard.
  • No episódio não é dada nenhuma data estelar, mas nos diários de bordo da almirante Janeway, vistos no Instagram Star Trek Logs, a data apresentada é 61368.6.
  • Sobre a alferes Asencia, Kevin Hageman: “Eu fiquei muito feliz pela revelação de Asencia; agora as pessoas entendem porque nós escalamos Jameela, e esse não era um papel para se jogar fora.”
  • Os irmãos Hageman contaram que originalmente o nome de Asencia deveria ser Vezria, mas uma folha de elenco veio a público onde se dizia que Vezria era uma espiã. Kevin ainda tentou dizer que ela estava disfarçada, mas no fim eles trocaram o nome para preservar a surpresa para o momento certo.

Ficha Técnica

Escrito por Nikhil S. Jayaram
Dirigido por Sung Shin

Exibido em 24 de novembro de 2022

Título em português: “Descobertas”

Elenco

Brett Gray como Dal
Ella Purnell como Gwyn
Jason Mantzoukas como Jankom Pog
Angus Imrie como Zero
Rylee Alazraqui como Rok-Tahk
Dee Bradley Baker como Murf, oficial da forta #2 e Tal Shiar #3
Jimmi Simpson como Drednok
John Noble como Solum (The Diviner)
Kate Mulgrew como Kathryn Janeway

Elenco convidado

Billy Campbell como Thadiun Okona
Kimberly Brooks como comandante Kaseth e oficial da frota #1
Brook Chalmers como Tal Shiar #2 e #6
Ronny Cox como almirante Jellico
Daveed Diggs como comandante Tysess
Bonnie Gordon como computador da nave e Tal Shiar #4
Amy Hill como doutor Jago
Jameela Jamil como Asencia
Ben Thomas como Tal Shiar #1 e #5

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Edição de Mariana Gamberger e Carlos Henrique B Santos
Revisão de Roberta Manaa

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