O que aconteceu no New Jersey Convention

A  Creation Entertainment comemorou a 45ª convenção de Jornada produzida por ela no Hilton em Parsippany, New Jersey (EUA). Nos três dias do evento (24 a 26 de junho) tivemos várias celebridades presentes, incluindo a aparição surpresa de William Shatner que aproveitou para gravar sua nova série “Fan Addicts”.  

Este evento também marcou a estréia de um webcast pay-per-view na sua programação, através de uma parceria com a CBS, a CBS Consumer Products e o site oficial Startrek.com. O webcast nesta convenção teve a participação de Nana Visitor, Rene Auberjonois, entre outros. Abaixo segue um resumo do que ocorreu durante os três dias.

As atividades no palco começaram com uma palestra de Richard Arnold, o braço direito de Gene Roddenberry. Ele apresentrou um slideshow com imagens de arquivo da produção da série original. Algumas das imagens notáveis ​​incluíram fotos de teste da nave NCC-1701 (vários modelos diferentes, incluindo o modelo que acabaria por ser a nave usada na série) e duas com aparências de Leonard Nimoy como Spock em um desfile ao vivo, em Ohio, além de uma paródia da série no The Carol Burnett Show, nos anos 60.

Após a apresentação de Arnold, Grace Lee Whitney (ordenança Rand) subiu ao palco e contou sobre sua vida, a embriaguez que levou à sua demissão na série e a carreira atual de negócios. Ela se orgulha de estar 30 anos sóbria.

Seguinte a Grace Lee, apareceu o assistente de maquiagem John Paladin que convidou uma pessoa da platéia para transformá-la em um Klingon, numa demonstração rápida de como é feito o trabalho de maquiagens e colocação de próteses. A demonstração de John acompanhava sua explicação sobre maquiagem artística e o compromisso que os artistas tiveram com Jornada, dirigidos pelo grande Michael Westmore.

Depois foi a vez de Rene Auberjonois e Nana Visitor relatarem seus anos na televisão e em filmes. Eles responderam perguntas dos fãs agradecendo pelo apoio dado durante a série e depois dela. Rene comentou que em Jornada, ele teve que dar vida a um personagem sem definição, algo que um ator nem sempre consegue. Nana divertiu a platéia ao lembrar que o barulho que o traje de borracha da Kira espelho fazia era tão incômodo, que forçava-a constantemente a fazer substituição de diálogo. Rene contou que Ira Steven Behr (o produtor executivo e um dos escritores da série) teve uma “revelação” num dia no set onde exclamou, referindo-se a Odo e Kira, “Ele a ama!”. Assim começou o desenvolvimento proposital do arco romântico emocional entre Odo e Kira.

Nana lembrou outro momento engraçado de seu trabalho como Kira, quando escorregou na base de seu trailer de maquiagem durante uma chuva e ficou machucada. Levada ao hospital mais próximo, um médico, antes indiferente, deu uma olhada no seu rosto e gritou: “Oh meu Deus, o que você fez com seu nariz?” (Claro, ela já estava com o nariz bajoriano).

No fim, Rene e Nana fizeram uma leitura encenada de teatro, algo que eles criaram chamado  Cross Our Hearts. Descreveram uma seleção de poemas e palavras sobre o amor, em todas as suas formas. Eles também aproveitaram o evento como uma forma de chamar atenção para os Médicos Sem Fronteiras, uma forma maravilhosa de caridade. 

No segundo dia o webcast foi com Connor Trinneer (Trip) e Dominic Keating (Reed) e depois com as irmãs Klingon Gwynyth Walsh e Barbara March.

Dominic falou sobre a forte concorrência que enfrentou no teste para a série, e ofereceu sua própria vocalização para o tema de Jornada. Connor estava feliz em reconhecer a incrível experiência que teve com Enterprise. Eles comentaram sobre os talentosos do elenco (liderado por Scott Bakula) e lamentaram o cancelamento da série no momento em que estava achando o caminho.

O webcast com as Irmãs Duras foi divertido. Barbara March e Gwynyth Walsh, vestidas em seus uniformes Klingon, rosnaram e amaldiçoaram o público. Elas cantaram e brincaram com a platéia, convidando um para o palco para experimentar suas artimanhas Klingon.

Mas o melhor do dia estava por vir. Para o deleite de todos, Bill Shatner finalmente apareceu no palco para anunciar o seu documentário, “The Captains”, que vai ao ar no dia 22 de julho pela Rede Epix. Bill instruiu o público sobre as formas diversas de dar o grito de “Khaaaaaannnnn!”. Durante essa histeria, as câmeras estavam rodando, tanto para o documentário quanto para o piloto de “Fan Addicts”.

O último dia teve a presença de Bobby Clark, o homem que fez o Gorn do episódio “Arena” na série original. Bobby contou sobre sua atuação no episódio, criando a característica da voz “hiss” do Gorn, bem como descreveu a ação do corpo e da cabeça pesada que ele usava. Clark observou que “Arena” foi filmada na famosa formação geológica Vasquez Rocks. Por causa das formações rochosas traiçoeiras, os assistentes de maquiagem acompanharam Clarke até o alto das rochas e, em seguida, acrescentaram os acessórios do personagem, incluindo a sua cabeça.

Outra presença agradável foi a de Michael Dorn (Worf). Michael comentou sobre sua opção pela dieta vegetariana, que responde por sua perda de peso ao longo dos últimos anos. Sobre Worf, ele sentiu que o Klingon não era um bom pai para Alexander, apesar das boas intenções. Comentou sobre o seu hobby por aviões, e mencionou que havia vendido seu jato e passou alugar aviões, quando precisava deles. O assunto do “poker na Enterprise” foi questionado pela platéia, e ele observou que ninguém nunca trocou moeda nesses jogos. Michael explicou que era uma questão de ego vencer, não de dinheiro. Ele também disse que o roteiro favorito dele em A Nova Geração foi aquele em que envolveu a presença da atriz Jean Simmons (almirante Norah Satie em “The Drumhead”). O episódio foi dirigido por Jonathan Frakes e teve algumas inter-relações entre Picard e Worf.

Seu conceito favorito em Deep Space Nine foi ligar Worf com Dax. Ele também gostou de ser rude e zangado, como um Klingon deve ser. Quando solicitado a comparar a A Nova Geração a Deep Space Nine, disse que não é possível porque foram duas séries completamente diferentes. A Nova Geração foi como um tempo de festa para ele, e trabalhar em Deep Space Nine era como estar em uma igreja (e ofereceu um canto gregoriano para definir o humor). Ele disse que a maquiagem foi a pior parte do trabalho: foi brutal a sua pele, com cola cáustica e adesivo, mas foi bom para sua conta bancária. Uma questão interessante que ele observou foi a dificuldade para ele se “separar do personagem”. Após cada cena, ele não via problema em esquecer Worf. Mas adquiriu o hábito de conversar ao estilo Klingon. Como exemplo, ele teve a experiência histérica uma vez durante um vôo que fez ao conversar com os controladores de tráfego aéreo. Depois de comunicar com uma torre de tráfego, eles sinalizaram de volta com a pergunta: “Esse é o Worf?” Ao que ele respondeu em voz baixa, rosnando: “Sim, é Worf!”.

Sobre Terry Farrell (Dax) ter deixado a série, Michael lamentou o fato de que ele rompeu um relacionamento muito forte com sua personagem, mas apoiou a decisão dela. Quanto a famosa arma Bat’leth, usada por Worf , acabou por ser um suporte de borracha, porque as versões de metal eram muito pesadas ​​e extremamente perigosas. Michael trabalhava fora das cenas de luta com o coordenador de dublês para coreografar os movimentos da Bat’leth. O ator explicou porque aceitou fazer um personagem alienígena mais emblemático de todos, afirmou que ele era um grande fã da série original, e agarrou a chance de entrar em A Nova Geração, pois os produtores decidiram ter um membro da tripulação Klingon. Enquanto o resto da tripulação foi descrito como emocionalmente próxima, ele tomou a decisão consciente de fazer o contra, sendo rude e grosseiro. Ele também falou sobre alguns dos penteados que deram a Worf, em particular com os cachos. Michael demonstrou como Worf se olhava no espelho fixando seus cachos, para risos da platéia. Ele também relatou como Gene Roddenberry veio a ele um dia e disse que sua voz era muito “americana”, e eles tentaram diversos maneirismos vocais até que ambos ficaram felizes com a abordagem final.

Outra celebridade presente foi Nichelle Nichols (Uhura). No seu webcast, Nichelle tocou em vários assuntos, incluindo seus esforços para impulsionar a diversidade no programa espacial da NASA, o seu encontro com Gene Roddenberry no set de “The Lieutenant”, tendo visto rascunhos na mesa para o segundo piloto de Jornada. Particularmente, digno de nota, foi a sua decisão no final da primeira temporada de deixar a série. A possibilidade trouxe Martin Luther King, que implorou a ela para ficar na série, porque era mais importante do que apenas sua carreira. Baseado neste fundamento, ela ficou, felizmente para todos nós.

A convenção teve ainda sorteios de camisas, venda de acessórios, amostra de vídeos curiosos,  concurso de Trivia, seção de autógrafos com os participantes e muito mais.

Haverá mais nove convenções, shows e outros eventos de Jornada em julho e agosto, com a presença de muitas celebridades nos EUA. Não há confirmação da particpação dos produtores e roteiristas do filme Star Trek. Mas, quem sabe? J. J. Abrams adora uma surpresa.

Fonte: Star Trek.com