Entrevista com Peter Weller

admiral marcusPeter Weller assinou contrato para participação em Além da Escuridão, como o almirante Marcus. O conhecido ator de RoboCop já se aventurou no universo de Jornada fazendo John Frederick Paxton nos episódios “Demons” e “Terra Prime” da série Enterprise. Em entrevista ao Star Trek.com, Weller comenta sobre este novo personagem da franquia e como foi trabalhar novamente em Jornada. Contem spoilers.

Você estava ciente de que a série original estaria de volta um dia?

WELLER: Eu lhe digo, honestamente, que Leonard Nimoy foi um dos primeiros amigos que eu já tive na indústria – a minha terceira atuação foi numa peça onde Leonard e eu fizemos sob a direção de Otto Preminger – eu nunca fui um fã de sci-fi. Eu mal tinha assistido Jornada, embora eu admirava a inteligência dele. Eu era mais um cara do tipo policial thriller. A única razão que eu fiz Enterprise, na verdade, foi porque Manny Coto, com quem eu tinha trabalhado em Odyssey 5, me pertubava, me pertubava para fazer um episódio em duas partes. Ele me seduziu, dizendo: “É o último episódio de duas partes. Por que não fazê-lo como uma homenagem a Leonard Nimoy?”. Eu pensei: “OK”. E J.J. Abrams me contratou em um estacionamento. Eu adorei Star Trek. Eu fui assistir, porque as pessoas me disseram que não era tanto sobre a ficção científica, era mais uma história sobre dois amigos e como esses amigos, a tripulação, vieram a se encontrar. Então, mais uma vez, para ser honesto com você, eu tinha lido um pouco de Philip K. Dick, mas eu nunca tinha lido Bradbury ou Asimov. Meu filme favorito de ficção científica é O Dia em que a Terra Parou, porque eu acho que Robert Wise fez um trabalho genial com isso. As pessoas me identificam com sci-fi, porque elas vêem Buckaroo Banzai e Screamers e algumas outras coisas que têm sci-fi neles, mas não é o sci-fi que tenho me envolvido nesses projetos.

Você pode por favor descrever em seu comentário sobre Abrams pedindo a você, em um estacionamento, para estar em Além da Escuridão? 

WELLER: Deixe-me voltar um passo. Eu estava terminando um doutorado em História da Arte do Renascimento italiano na UCLA e faltavam seis meses para terminá-lo quando eu recebi uma oferta para fazer Fringe, para fazer um episódio. Eu realmente não faço um episódio do nada. Eu fiz alguns deles, como Psych, mas eles não são realmente interessantes para mim. Eu sou capaz de fazer arcos longos, mas, não sendo um esnobe, o trabalho de fazer um episódio realmente não me liga. Eu tinha jogado o script na lata do lixo. Cheguei em casa e minha mulher estava chorando, dizendo: “Você tem que fazer isso. Você tem que fazer isso”. É sobre um cara que tem uma discussão com sua esposa. Ele sai do carro e a mulher morre em um acidente de carro. Eu pensei: “Vamos lá, ninguém escreveu isso. Isso é muito parecido com a gente, só que ninguém morreu, graças a Deus”. Eu li isso e eu comecei a chorar. Então eu concordei em fazê-lo.

Mais tarde, você estava na Bad Robot para se encontrar com (a executiva) Kathy Lingg …

WELLER: Eu estive dirigindo uma série de TV nos últimos anos. Estive dirigindo Longmire e Sons of Anarchy. Então eu  e ela conversamos sobre dirigir alguma coisa (pela Bad Robot). E ela disse: “Nós todos amamos você em seu episódio de Fringe. Foi inacreditável”. Saí da reunião e fui andando para o estacionamento e ouço essa voz dizer:”Ei, Peter”. Eu me viro e JJ parece. Ele disse: “Eu sou J.J.” Então eu disse-lhe a história que eu acabei de dizer. Nós nos abraçamos e eu fui para casa. Quatro horas mais tarde, o meu agente me chama e diz: “Bad Robot quer contratá-lo”. Eu disse: “Ótimo, para que série?” Eu pensei que eles me queriam para dirigir algo. Meu agente disse: “Não é para dirigir. É para atuar”. Eu perguntei em quê e ele respondeu:”Bem, J.J. está fazendo um segundo Star Trek e ele quer que você desempenhe um papel importante no mesmo, uma das principais ligações”. Eu disse,”OK”. Meu agente perguntou se eu não queria saber quanto dinheiro ganharia ou do que se tratava. Eu disse,”Não, eu não me importo com a quantidade de dinheiro. Se um cara como J.J. me segue em um estacionamento, eu estou dentro. Não importa o que seja”. E foi isso.

Você gostou de trabalhar com Chris Pine, Alice Eve e Benedict Cumberbatch no filme?

WELLER: Alice, eu absolutamente amo. Chris é divino. Eu só tive uma cena com Benedict, mas eu amei trabalhar com ele. Todos eles são extremamente inteligentes e talentosos. Você costuma ir em um cenário e todas as pessoas falam sobre suas carreiras e o que elas estão fazendo e Los Angeles. Falei sobre a Itália incessantemente com Zach Quinto. Chris tinha acabado de voltar do Delphi, visitando as ruínas do oráculo. Anton tinha 22 ou 23 anos, e ele é como um erudito sobre a filosofia do século 19. É um crédito para J.J. Ele contrata pessoas de inteligência e paixão, que são divertidas e tem entusiasmo. Eu me diverti muito lá. Não era uma maçã podre no grupo e eu simplesmente gostei da coisa toda.

Um monte de gente te amou em Além da Escuridão, mas muitos sentiram que não havia suficiente motivações no almirante. Assim, algumas perguntas: Para o seu pensamento, quais foram suas motivações? Você sentiu o suficiente de suas motivações? Alguma coisa da filmagem foi cortada que pode ter coisas a mais?

WELLER: Não houve outras cenas de filmagens que teriam preenchido os espaços em branco. Para mim, a quantidade de tempo de tela que J.J. tinha, eu tomo isso como um elogio que as pessoas queriam mais para completá-lo, porque ele fala comigo executando essa parte como está escrito. Mas o que Marcus quer … Marcus não é diferente de Curtis LeMay, com consciência. Eu não sei se as pessoas se lembram que Curtis LeMay, mas ele escondeu 18 mísseis nucleares do presidente John F. Kennedy. Ele era o cara que queria puxar o gatilho da crise dos mísseis cubanos. Se você assistir Fog of War, era tudo sobre “Atacar primeiro! Atacar primeiro!”. Esse é um belicista. Então, esses belicistas existem, cara, e LeMay personifica isso. Eles eram reais. Eles são reais. A única coisa que Marcus não tem é a fé na atitude pacifista desta organização particular terrestre, pois os Klingons são agressivos. A guerra está chegando. Eles estão invadindo. E o Marcus está pensando que ele quer obter um salto sobre eles, assim como Curtis LeMay. Qualquer um é crítico a isso, basta ver o documentário de Errol Morris, Fog of War. Isso é a partir de 2003 e ouvindo (Robert McNamara) falar sobre LeMay.

Novamente, LeMay sentiu que atacar primeiro era a forma de obter a vantagem, e é isso que Marcus sente. Aqui estão os fatos como Marcus os vê: “Os Klingons estão chegando. Eles são agressivos. Eu não acredito na forma pacifista, melosa, do explorar bravamente novos mundos em cinco anos. Há uma guerra chegando”. Então, o que eu faço é levar para fora a bomba nuclear de plutônio, chamada Khan. Eu levo-o para fora. E cometo um erro. Eu mesmo digo isso. Então, eu não sei quantas pessoas ficarão desaparecidas. Ele é um cara que fez isso, por sua própria consciência, para proteger seu mundo particular, e então percebe-se que ele se ferrou. Agora, a única coisa que o faz um cara mal, a partir de uma visão moralista, é que ele está disposto a sacrificar Kirk e a Enterprise para colocar essa coisa de volta em sua concha. E ele sente que é um risco calculado. “Eu nunca iria poupar sua tripulação”.

E ele perde o controle por seu amor a sua filha …

WELLER: Isso mesmo. Ele perde o controle por seu amor por sua filha, cara. Isso é certo. Quero dizer, há 25 minutos de tempo de tela, eu acho que isso completa muito bem.

Além da Ecuridão não é sua primeira experiência com Jornada. O que você lembra dos seus dois episódios em Enterprise como Paxton?

WELLER: Eu não me lembro. Eu não me lembro. Eu só me lembro desfrutando isso com o LeVar Burton, que tem sido meu amigo há muito tempo. Ele dirigiu a primeira parte. Eu me lembro que eu tive um monte de diversão como Paxton, mas eu não consigo lembrar o script. E eu me lembro que era muito rápido, porque foi feito em uma programação de televisão.

Última pergunta: Em que mais você está trabalhando?

WELLER: Quando você está na televisão, você entra em algumas séries, e dirigi um episódio de um mês e muda de vida. Você começa a preparação e isso são 10 dias. Você filma um, e que pode ser de 10 ou 11 dias. Edição pode ser mais três ou quatro dias. Eu faço sete ou oito episódios por ano. Fiz três em Sons of Anarchy. Eu faço Hawaii Five-0. Eu faço Longmire. Fiz The Doctor Mob and House. Adoro fazer televisão com drama pesado. Estou prestes a pôr em marcha a continuação de Sons of Anarchy. Há 12 episódios nesta temporada e eu vou fazer três. Eu adoro a série. Então, Sons of Anarchy é realmente incrível.

O que mais? Eu passo um mês na Itália, onde morei por muitos anos. Estou terminando um doutorado, em outubro. Eu certamente vou voltar e ensinar (literatura e arte) na Syracuse University. Agora estou lançando duas classes de teatro na UCLA e no departamento de filme que eu ensinei antes na Universidade de Syracuse. Eu tenho um outro episódio de Hawaii Five-0 para dirigir. Estou trabalhando em um pequeno filme chamado The Meaning of Nowhere. É um thriller sobre uma mulher muito má, que, por engano, encontra uma oportunidade de levar uma vida muito diferente. Mas é por engano, não desejo. E eu tenho a minha mulher e nosso filho lá. Eu não poderia estar mais feliz.

Peter Weller está atualmente com 65 anos.