Atriz faz estreia em Picard atuando em papel clássico

Aviso: este artigo contem SPOILER.

O último episódio da segunda temporada de Star Trek: Picard, “Watcher”, deu a Jean-Luc uma reunião surpresa. Ao voltar no tempo para o ano de 2024, Picard vai atrás do “observador” e as coordenadas fornecidas pela rainha Borg levam ao bar Ten-Forward, onde temos sua velha amiga Guinan, sendo que mais jovem.

A interpretação da jovem Guinan coube a atriz Ito Aghayere, mais conhecida por seu papel em Carol’s Second Act, da CBS. Em sua primeira entrevista exclusiva sobre o papel com o site Variety, Aghayere revela que interpretar Guinan foi a realização de um sonho ao longo da vida, além de fazer parte de Star Trek.

Oh, cara, eu sempre achei ela muito legal. Eu vou pintar um retrato de mim como era naquela época: eu usava aparelho até ser caloura na faculdade, então era a epítome de uma nerd negra. Então, assistir Whoopi roubando cenas de Patrick Stewart – eu amo Patrick – mas roubando cenas a torto e a direito. Foi tão animador vê-la fazer isso. Olhando para trás agora, eu acho que essa mulher encapsulava completamente o tipo de qualidade de um duende por ser travessa e onisciente. Ela não estava em tantos episódios, então ter um impacto tão importante na série é bastante notável. Quando criança, toda vez que eu via “E a participação especial de Whoopi Goldberg”, eu ficava tipo “Sim! Ela está de volta! Vai ser uma boa!”

Aghayere comenta qual foi sua reação quando soube que não era apenas estar na série Star Trek: Picard, mas fazer o papel de uma jovem Guinan.

Na verdade foi bem estranho. Descobri de uma maneira normal: meus representantes disseram: “Existe esse papel, não temos ideia do que é. Mas parece interessante, leia.” Na época, o nome do meu personagem era Gwen. Eu não tinha ideia de que era Guinan. Eram lados fictícios – era uma cena que tinha a mesma dinâmica e a mesma relação com a cena real do episódio, entre uma pessoa chamada John e uma mulher chamada Gwen. Tudo o que eu sabia é que quando li a cena, parecia que eu a entendia. Compreendi sua amargura e sua decepção e seu medo de ter esperança no mundo. Foi isso que me prendeu, a história que ela parecia estar contando, que ressoou em mim como uma mulher negra na América. Parecia uma história que eu queria contar.

Eu não tinha ideia de que era Star Trek. Descobri talvez em duas ligações de volta que era Star Trek. Foi uma daquelas coisas em que eu fiquei tipo, “não acredito”. Há muito poucos momentos na carreira de um ator em que você pode estar na coisa que você amava quando criança. Geralmente essas coisas terminam – como deveriam. A menos que você esteja fazendo um teste para “Grey’s Anatomy” e tenha nascido em 2000. Então, não caiu a ficha até que eu estava fazendo meu teste final com os produtores. Foi nesse ponto da pandemia em que eu e meu, agora marido, não podíamos mais estar em casa. Então, eu fiquei no Mount Zion National Park em algum quarto de hotel com meu laptop empilhado em cima da mala, empilhado em cima de uma caixa de água, fazendo essa cena realmente sincera. Acho que foi com Terry Matalas, o showrunner. E naquele momento, eu pensei, “isso é legítimo. Isso é Star Trek”.

A Guinan que vemos em 2024 está em um lugar muito diferente da interpretada por Whoopi Goldberg. Ela é muito mais emocionalmente efusiva e perturbada. Aghayere conta como trabalhou nesta diferença de Guinan.

Reassistir seus episódios, isso me deu uma lente para o futuro de quem esse personagem seria. De certa forma, o que eu fiz foi fazer engenharia reversa no que alguém tem que crescer para ser a Guinan de Whoopi. A que sabedoria ela não tem acesso, a que otimismo ela não adere, para ter um lugar para onde ir? O que ela ainda não sabe que aprenderá a ser a enigmática e sábia conselheira que é em A Nova Geração?

Uma das coisas que eu fiz foi passar por todos os diferentes momentos através de A Nova Geração, onde Guinan de Whoopi menciona coisas sobre perda, coisas sobre sua história, coisas sobre sua dor. Tomei nota de cada momento, em que ela insinua uma dor passada. Então, me permitiu desmontar isso em suas partes componentes. Que sabedoria tenho agora, mas não é aplicada da melhor maneira? Você sabe, e eu acho que é por isso que essa história pode acontecer, porque eu preciso da linha do tempo de Picard de Whoopi para pelo menos me levar ao longo do caminho de onde Guinan termina.

A atriz lamenta não ter conhecido Whoopi pessoalmente nos sets de gravação.

Não fiz isso por causa da pandemia. Houve muitos inícios e paradas com fechamentos e pessoas ficando doentes, então praticamente ninguém filmou nada em sequência. Foram muitas voltas. Eu acho que eles esperavam em um ponto que poderia dar certo. Ainda tenho esperança. Acho que eventualmente faremos uma conexão.

Já com o ator Sir Patrick Stewart, Aghayere se sentiu muito a vontade para fazer a química certa dos personagens.

Foi muito relaxante trabalhar com ele porque ele sabe onde nossos personagens chegam. Ele tem toda a experiência, conhecimento e intimidade que sua Guinan tem com ele. Patrick trouxe isso para o papel. Houve uma amizade instantânea, uma camaradagem instantânea em que entramos. Entre as tomadas, estávamos brincando e rindo e compartilhando histórias de quando éramos crianças e coisas assim, e, então, estávamos de volta as defesas da Guinan de 2024, que é, “Saia do meu bar”, apontando uma espingarda em sua face.

E, assim, havia essa tensão deliciosa que — entre as tomadas quando não nos conhecemos, quando não estamos filmando as cenas em que não nos conhecemos — é essa camaradagem e vamos trabalhar em um quebra-cabeça juntos e vamos apenas jogar como pessoas e, então, estamos em um mundo onde não nos conhecemos. Acho que isso criou um terreno fértil onde, espero que, pelo menos as pessoas que são fãs da série, possam ver as sementes do relacionamento que os personagens terão no futuro.

Quanto a presença da cadela Luna, a atriz não sabe se foi ideia de Stewart, que gosta de pit bulls.

Sabe, na verdade eu não sei. Eu não tenho certeza. Eu sei que nós definitivamente queríamos um pit bull. Eu amo pit bulls e, claro, ele ama porque ele e sua esposa administram uma organização de resgate de pit bulls. E, então, eu não tenho certeza. Eu não ficaria surpresa se fosse ideia dele.

Quando perguntada se participar desta série atendeu às suas expectativas, disse:

Eu tenho duas respostas para essa pergunta. Número um, porque eu não sabia que era Star Trek originalmente, e me apaixonei pela história antes de saber. E, assim, por ter me apaixonado pela história, descobrir que era Star Trek só a tornou mais impactante porque essa é uma das minhas coisas favoritas. Sempre que você assiste a episódios, eu adoro quando eles levantam um espelho para o mundo em que vivemos, de alguma forma, e o colocam em camadas. Alguns dos meus episódios favoritos fazem isso muito bem. E, então, quando descobri que a história pela qual me apaixonei estaria dentro desse universo, o universo de Star Trek, isso me deixou muito animada porque é isso que eu mais amo em A Nova Geração, enquanto crescia.

Trabalhar como atriz em Star Trek foi simplesmente irreal, porque eu estava trabalhando com todos esses profissionais criativos incríveis, alguns dos quais como James MacKinnon, que lidava com maquiagem de efeitos especiais, bloqueava minhas sobrancelhas e fazia todas as próteses em relação a isso. Ele e sua equipe fizeram todas as próteses e todas as coisas que você vê na série que são simplesmente incríveis, efeitos reais que levam horas para serem feitos. Então, estar cercada por pessoas que são fãs do programa, trabalhar no programa foi surreal. Parecia que a maioria das pessoas que estavam criando a série eram fãs. E, então, me senti como se estivesse entre amigos.

A primeira temporada de Star Trek: Picard  está disponível no Amazon Prime e os novos episódios podem ser vistos todas às sextas-feiras.

Fonte: Comicbook